quinta-feira, 20 de maio de 2010

AVES AGOURENTAS RONDAM A DEMOCRACIA E TORCEM CONTRA A CONTINUIDADE DO GOVERNO POPULAR DO PRESIDENTE LULA

Vejam trechos da entrevista do General de Exército da RESERVA Maynard Marques de Santa Rosa, ex-chefe do Departamento Geral do Pessoal do Exército (DGP), ao Jornal Folha de São Paulo. Ainda bem que é EX-CHEFE e no ostracismo da reserva.
FOLHA: General pivô de polêmica defende que ditadura de 1964 foi autoritária, mas não totalitária, e deixou imprensa "amplamente livre"
OBS: Tão livre, mas tão livre, que o Jornal  Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro, cujo diretor e proprietário é o sério e combativo jornalista Hélio Fernandes ganhou na justiça uma indenização do estado brasileiro. Em decisão do ministro Celso de Mello, o Superior Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito à indenização ao jornal, em razão das perseguições, censuras e prejuízos materiais sofridos pela publicação entre os anos de 1969 e 1979, durante o regime militar.

FOLHA: RESPONSÁVEL até fevereiro deste ano pelo Departamento de Pessoal do Exército, o general Maynard Marques Santa Rosa, 65, disse à Folha que está em andamento um processo para transformar o Brasil numa "ditadura totalitária comunista" e que o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos é parte dessa estratégia. Ele afirma que "com certeza" há exagero quando se fala em tortura na ditadura militar (1964-85). "Vocês conhecem algum ex-torturado cubano? Ou russo? Não existe, porque não se deixava sair [da prisão]. Então, foi a bondade, entre aspas, dos torturadores que permitiu que saíssem [no Brasil]."

OBS: Foi esse General que pasmem, na Chefia do Departamento Geral do Pessoal do Exército (DGP), cuja função é gerenciar os recursos humanos do Exército, executou um plano de transferências que destroçou, desestruturou, desagregou e desmantelou a vida de várias famílias e lares de militares em todo Brasil após as eleições de 2008, mandando para locais diametralmente opostos aqueles que não lograram êxito naquele pleito eleitoral. Na minha opinião já vai tarde para a reserva. Ele que se diz porta voz de 95% do Exército, é na verdade porta voz do mal e da destruição que causou na harmonia familiar de subordinados indefesos e amordaçados pelo “regulamento” da sua vontade e do querer de seus caprichos irracionais, pautados pela intolerância e pela perseguição ideológica.

Breve retrospecto

O ano era 2008, várias famílias de militares do Exército viviam em harmonia e felizes. Muitos militares querendo dar a sua contribuição ao amadurecimento da democracia brasileira se lançaram candidatos naquelas eleições, mal sabendo o que estaria por vir caso não conseguissem a vitória no pleito. Após as eleições, a maioria dos militares não eleitos foram transferidos à revelia da Lei e dos Regulamentos militares vigentes na época, numa clara demonstração de perseguição e da intolerância de quem no exercício do cargo público se achou no direito de fazer o que bem entendeu, sem pensar nas conseqüências irreversíveis que estava causando à saúde emocional e financeira de suas vítimas. Contrariou até mesmo a Diretriz do Comandante do Exército, datada de 09 de maio de 2007, onde o Comandante da Força manifesta sua preocupação com a família, onde estimula seus subordinados em função de Comando a praticarem ações eivadas de equilíbrio, austeridade, justiça, camaradagem, bom senso, amizade, fraternidade e sentimento de família. Nessas transferências praticadas por esse General, onde está explicitado o bom senso, o equilíbrio, a justiça e principalmente o sentimento de família?

O sentimento de perseguição fica mais claro ainda quando, além de outros vícios nos atos de movimentação, percebemos claramente que no bojo dessas transferências teve militar que foi transferido duas vezes em menos de dois meses, numa total desobediência aos regulamentos e normas militares e aos princípios da boa administração, fato que gerou uma enxurrada de ações judiciais contra tais medidas. Até mesmo princípios constitucionais foram violados nessas transferências. No confronto entre os interesses da Administração Pública e os da entidade familiar, a lei em questão houve por bem privilegiar esta, concretizando o princípio constitucional de ordem programática que protege a unidade familiar, in verbis:

Art. 226. A família, base da sociedade tem especial proteção do Estado.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,carência ou enfermidade.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando a sua participação na comunidade,defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Muitos desses militares transferidos tinham suas vidas estruturadas e organizadas, com esposas e filhos trabalhando e estudando. Assim, tiveram que abandonar sonhos e projetos de suas famílias, primeiro para obedecer a ordem e depois para reiniciar a vida em outras cidades. Muitos militares e familiares não suportaram o choque e “surtaram” estando hoje sob tratamento com psiquiatras e psicólogos. Outros se separaram, pelo fato da família não acompanhá-los para o local determinado pela intolerância, incompreensão, capricho e revanchismo de quem tinha o dever de zelar pela saúde dos recursos humanos do Exército.

Mas, como “Não há mal que dure para sempre”, o Presidente Lula editou o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), onde o atual governo busca resgatar a memória e a verdade do que aconteceu com vários cidadãos brasileiros que lutaram bravamente pelo restabelecimento da democracia brasileira em confronto com o regime de 1964. Talvez pensando que estava lidando com subordinados indefesos e amordaçados pelo medo, o General Santa Rosa foi meter o bedelho onde não foi chamado, tecendo duras críticas ao PNDH-3, o que motivou o Presidente Lula a exonerá-lo do cargo de chefe do DGP, renegando-o ao plano dos “de pijama”, “no ostracismo e no banco de reserva da caserna”, “sem subordinados para destilar seus caprichos, raivas, ódios e rancores”.

Nesse ato foi evidenciado um dos princípios da MTC (Medicina Tradicional Chenesa), qual seja, toda energia é cíclica, ou traduzindo no popular, “aqui se faz, aqui se paga”. O General que tanto perseguiu e destruiu a família de inúmeros companheiros seus de farda, pagou aqui mesmo pelos seus atos impensados ou não. Não tenham dúvida que a energia mentalizada por todas as suas vítimas o perseguirá para o resto de sua existência, a não ser que o mesmo se arrependa de seus atos e obtenha o perdão energético de suas vítimas. Talvez assim consiga colher bons frutos nessa existência.

Espero que a vida e o destino reserve a esse senhor, algoz de várias famílias, o merecedor fim destinado àqueles que assim como ele disseminou atos e energias negativas sobre seu semelhante – o esquecimento.

Agora, para quem como ele que afirma que “a esposa vota em quem ele mandar” e que acha que os torturados que saíram vivos do regime militar de 1964 foi um ato de bondade dos torturadores, só pode ter uma mente desprovida de energias positivas, autoritária e não entender absolutamente nada de direitos humanos. Infelizmente foi essa mente autoritária que passou na vida de inúmeras famílias de militares causando estragos dignos de um “terremoto”, um “tsunami”.

FOLHA: Santa Rosa foi exonerado após a Folha ter publicado e-mail em que ele classificou a Comissão da Verdade de "comissão da calúnia integrada por fanáticos". Ficou encostado no Comando da Força até passar para a reserva, em 31 de março. Segundo diz, "95% do Exército" pensa como ele. A diferença é que Santa Rosa é um dos raros casos de militar que diz o que pensa em público.

OBS: O que esperar de um General cujos atos administrativos praticados por ele destruiu milhares de famílias e lares de militares? Eu não esperava nada melhor que isso que ele falou. Será que ele consegue mensurar o mal irreversível que causou a uma criança que foi forçada a se separar do convívio do pai em função das transferências que ele mandou dar cabo em 2008, após as eleições? Com que respaldo esse algoz se acha representante ou porta voz de 95% do Exército? Qual foi o instituto de pesquisa que aferiu esses percentuais estatísticos que ele se refere? Conheço centenas de militares que não comungam com esse pensamento retrógrado e pautado na intolerância.

FOLHA - Qual é sua opinião sobre o governo Lula?

MAYNARD MARQUES SANTA ROSA - Acho o presidente uma pessoa simpática, tem empatia com o público e sensibilidade em detectar os anseios da massa. O que é diferente da linha governamental que ele segue. Está rodeado de pessoas impregnadas de preconceito e ideologia. O governo tem várias caras. Ideologicamente, é intolerante, autoritário. Para ser mais preciso, tem anseio totalitário.

OBS: Ele fala de preconceito ideológico, intolerância, autoritarismo. Agora, como classificar o ato de transferência dos militares praticadas por ele após as eleições de 2008? Não foi perseguição política e ideológica? Intolerância? Autoritarismo? Acredito que, conhecendo os princípios democráticos do Presidente Lula, tenho convicção que teria exonerado ele já em 2008 após as transferências principalmente dos que não se elegeram. Aquilo foi um afronta contra os Direitos Humanos dos militares e de suas famílias, que estão hoje a sofrer as piores conseqüências irreversíveis psíquicas e emocionais. Infelizmente, apesar de existir um Deputado Federal na Câmara de origem militar, pasmem, a única voz que se levantou a favor e em defesa dos militares transferidos foi da brava Dep. Federal Luciana Genro/PSOL-RS, que formalizou um pedido de explicação ao Chefe do DGP e ajuizou uma investigação no Ministério Público Federal no Rio Grande do Sul. Responderam com explicações superficiais e inconsistentes que não se sustentam nos fatos da vida real. Mas, como “Não há mal que dure para sempre” veio o PNDH-3, e para sorte da maioria dos militares, esse General foi meter o bedelho onde não deveria e recebeu a resposta merecida do Presidente Lula, a reserva para sempre.

FOLHA - O que caracteriza o autoritarismo do governo?

SANTA ROSA - A intolerância com opiniões contrárias. Quem examinar o Programa Nacional de Direitos Humanos vai interpretar o que digo. Aquilo é um tratado ideológico de extrema intolerância, onde se pretende regular uma sociedade inteira. Adota o tal princípio da transversalidade. Na medida em que se têm intenções que transcendem Legislativo e Judiciário, são pretensões que transcendem até preceitos da Constituição, portanto, totalitárias.

OBS: O General fala em “...regular uma sociedade inteira...”. O que ele quis fazer quando transferiu os militares não eleitos em 2008? Será que ele achava que o Exército era detentor de um pensamento ideológico único? Teve várias transferências que feriram preceitos constitucionais, como no caso das famílias que foram desagregadas, desestruturadas, forçadas a separação dos filhos menores.

FOLHA - Durante seus 49 anos no Exército, o sr. conheceu muitos gays nas Forças Armadas?

SANTA ROSA - Não, existe uma rejeição inata da estrutura militar contra isso. O problema é que existe uma articulação, no sentido de transformar a sociedade, colocar uma nova cultura goela abaixo na classe média, e isso é apenas uma fase preliminar para depois se implementar o que se quiser.

OBS: Primeiro quero deixar bem claro que não tenho nada contra a opção sexual de qualquer cidadão, seja civil ou militar. Acredito que cada um tem o direito de fazer suas escolhas e opções. Os civis e militares gays que conheço são pessoas extremamente competentes, educadas e respeitadoras. Conheço militares com bem menos tempo de serviço, do que o General e que provavelmente serviu em menos quartéis do que ele (oficial é transferido praticamente a cada 2 ou 3 anos, e ainda recebe indenizações por cada transferência), que conhece vários militares gays (praças e oficiais). A própria mídia já noticiou casos e casos de militares que se assumiram gays e até mesmo o caso de um comandante de quartel gay no Rio de Janeiro. Esse, talvez pelo medo do preconceito em não se assumir foi flagrado pela Polícia Militar dentro de um carro.

FOLHA - Após 21 anos de ditadura, a democracia não é irreversível?

SANTA ROSA - Não acho. O povo não reage, está numa situação letárgica. Nosso povo não tem opinião, e quem tem se cala. Estamos anestesiados.

OBS: O General fala que o povo não tem opinião, e quem tem se cala. E o que dizer da ditadura do medo imposta subrepticiamente e subliminarmente nos quartéis? O silêncio geralmente é sinônimo de um bom “conceito” – na minha opinião, uma forma ultrapassada de avaliação funcional a que os militares são submetidos periodicamente. Esse conceito é usado como forma de punição para aqueles que ousem em reclamar. O que dizer da proibição de militares se expressar suas opiniões nos meios de comunicação? Se o General fala do povo, deveria incluir aí a cultura do medo imposta subrepticiamente e subliminarmentem aos militares nos quartéis do Exército.

FOLHA - O sr. aceita um militar torturando uma pessoa indefesa, um jovem, uma mulher, desarmados?

SANTA ROSA - Nenhum militar torturou ninguém. Se houve, foi no Dops [Departamento de Ordem Política e Social, oficialmente vinculado à polícia.

FOLHA - Não é covardia matar pessoas e torturar rapazes e moças, algumas grávidas, depois de presas?

SANTA ROSA - Sinceramente, não sei de nenhum caso. O que existe é produto de imaginação.

FOLHA - O sr. tem dúvida? A própria ex-ministra Dilma Rousseff foi presa e torturada.

SANTA ROSA - Ela diz que foi torturada, mas... Só no Brasil, a pessoa que sobrevive, e está com boa saúde, alega a tortura para ganhar os benefícios, sejam políticos ou de pensão.

FOLHA - É mentira que houve tortura?

SANTA ROSA - Com certeza absoluta. Vocês conhecem algum ex-torturado cubano? Ou russo? Ou chinês? Não existe, porque não se deixava sair [da prisão]. Então foi a bondade, entre aspas, dos torturadores que permitiram que saíssem [no Brasil]. Institucionalmente, legalmente, não houve [tortura]. Não posso afirmar que, fora do controle, não tenha havido.

OBS: Acredito que ninguém em sã consciência vai acreditar nisso, até mesmo porque existem mais do que evidências de que houve tortura.
FOLHA - O sr. vota em quem?

SANTA ROSA - Na Dilma não voto de jeito nenhum, mas não é fácil engolir o Serra.

FOLHA - Com uma pulseira da Nasa no braço esquerdo, "para equilibrar o sistema simpático e para-simpático e ficar zen", o general Maynard Marques Santa Rosa convive com uma curiosa liberdade religiosa na sua família: ele é espírita, a mulher, católica, e o filho, evangélico.

"Temos uma democracia religiosa", brinca ele, mas deixando claro que democracia tem limite também em casa.

"Em quem a sua mulher vai votar?", perguntou a Folha.

"Em quem eu mandar", respondeu, rápido.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1705201013.htm

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